sábado, 26 de março de 2011

Polícia para quem precisa de polícia



Há poucos dias, fui vítima de um assalto quando voltava do trabalho para casa. Nunca tinha sido assaltada. E como a primeira vez é inesquecível, vou relatar um pouco sobre o ocorrido, mas se você pensa que irei falar do meu medo ou descer o sarrafo nos bandidos, engana-se. Acompanhe a história e descubra quem é realmente digno de minha raiva.


Pois bem, estava eu voltando pra casa após um dia estressante; cansada e com fome, quando vejo na esquina, logo à minha frente, dois rapazes numa moto. Eles param e um deles desce da moto com calma e me fala algo com tranquilidade. Eu que já sou conhecida por ser lesada, não entendi o que ele falou e perguntei: o que?

Foi quando a tranquilidade do homem transformou-se em ira e ele anunciou o assalto. Não satisfeito em pegar a minha bolsa, o atrevido ainda me deu um soco nas costas e um tapa na boca que até agora sinto doer quando recordo. Fugi gritando enquanto os homens iam embora com boa parte do meu salário do mês e com quase toda a minha dignidade.

Nem minha mãe nunca ousou bater na minha cara (e olha que eu já dei motivo).

Assustada e histérica entrei no prédio onde moravam alguns conhecidos. Toda essa sequencia de fatos aconteceu em segundos. Enquanto eu gritava nos corredores do prédio, os homens ainda podiam ser avistados.

Diante do meu desespero, logo uma amiga pegou o telefone e ligou para a polícia, deu toda a descrição dos bandidos, contou o ocorrido, o que tinham levado, e para onde poderiam ter ido. Mas a resposta do “190” foi calma e apática: Mande sua amiga se acalmar e amanhã procure a DP para fazer um B.O.

- Mas vocês não podem passar um rádio para nenhuma viatura que esteja aqui perto para pelo menos dar uma olhada? Perguntou minha amiga.

- Não temos como dar conta de todo assaltante que apareça moça. Diga a sua amiga que faça e B.O. e pronto. Respondeu o homem da lei, responsável pela segurança dos cidadãos.

Acabei sem o dinheiro, sem os documentos e se tinha me sobrado um pouco de dignidade depois de apanhar de um marginal, ela se foi quando o policial veio dizer que não era dever dele ir atrás de bandido nenhum. Voltei pra casa um caco e como meus documentos apareceram no dia seguinte não me dei nem ao trabalho de ir fazer o bendito B.O.

Alguns dias depois, eu já estou melhor. Dinheiro, eu trabalho e consigo mais. A única coisa que não sara é a dor da humilhação, de saber que pago impostos, que tenho direitos, que deveriam ser guardados por estes que se dizem homens da lei, e a única coisa que recebo em troca é indiferença. Se a polícia ia encontrar ou não os bandidos eu não sei, mas o que sei é que se você não procura uma coisa, você não pode encontra-la. E afinal, o que custava passar um rádio para a viatura mais próxima?

E infelizmente não sou a única a passar por isso. Voltando de viagem depois do carnaval ouvi uma senhora dizer que na rua em que ela mora os assaltantes já têm um ponto fixo para abordar as vítimas. E o que mais a deixava indignada, contou ela, era que já tinha ligado varias vezes para a polícia e a resposta era a mesma: Não temos como dar conta de todos os bandidos da cidade.

Realmente, com a criminalidade solta, duvido muito que a polícia seja capaz de pegar todos os bandidos, mas se não for atrás, nunca vai pegar nenhum.

Agora eu gostaria de chamar a atenção para um fator interessante. Quando você passar em frente a grandes estabelecimentos privados como lojas de automóveis e bancos, preste atenção, logo você verá um ou dois homens da lei fazendo a segurança do local.

Ou seja, eles ganham à nossa custa para defender interesses particulares?

É vergonhoso, mas é isso que estamos vivendo. Os policias, em vez de estarem nas ruas correndo atrás de bandidos, estão fardados em frente a edifícios privados, ganhando um adicional à custa do povo.

Não sei se tenho mais raiva dos bandidos que me assaltaram, ou dessa enorme instituição de crime organizado chamada polícia. Dois pesos, a mesma medida.