terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Aos verdadeiros amigos



Eu gosto de beber,
Gosto de rir,
De chorar,
Discutir,
Brigar, brindar, amar,
De chegar ao extremo e perder o controle...

E gosto mais ainda das pessoas que conhecem esse “eu” que nem a mim mesmo se revela,
As pessoas que têm esse contato com o pior de mim e ainda assim escolhem estar ao meu lado.

Porque das suas qualidades, todos sempre vão gostar,
Os amigos de verdade são aqueles capazes de compreender e suportar seus defeitos! 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Todo Adeus é assim

Os olhos marejando e cansados
Observam uma vez mais a imensidão
Deixada pra trás.
Um abraço forte e o pé na estrada.
Vontade de ficar (coração aflito)
Desejo de partir (coração na mão)
A quem vai e a quem fica a dor é semelhante,
Pois agora está distante        
Aquela presença constante
A distância divide as vidas
Levadas a rumos opostos.
Todo adeus é assim:
Uma morte temporária,
Uma dor que só maltrata;
É sentir dentro de si
A falta que o outro deixou;
É olhar adiante
E sentir falta do que ficou.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Somos inúteis, Bukowski tinha razão! (Um texto à moda antiga)




Meu computador deu pau e não está me permitindo utilizar o Word. E eu, por pra preguiça, nunca mais escrevi nada. Ideias eu até tenho, mas quando penso em ter que escrever tudo à mão, nas frases que irei riscar e rabiscar, na lentidão das linhas escrita, no cansaço provocado pela caneta... Acabo por desistir.
Olho com desprezo o maldito computador que me trai, que me abandona quando mais preciso, quando sou tomada pelas ideias e preciso a toda custa expressá-las/ expulsá-las de mim. A inspiração vem nas horas mais impróprias. E parece que o fato de o computador estar com defeito faz com que ela, a inspiração, só por maldade, me visite com mais frequência.
De repente, o texto inteiro surge em minha cabeça, mas não posso escrevê-lo, e fico me culpando, pois cada texto que eu penso e esqueço, cada inspiração que eu perco, cada texto que penso em escrever e não escrevo, é como um filho que não veio ao mundo, uma espécie de aborto.
Não vou debater a questão do aborto, ou sequer opinar a respeito, mas creio que independente do motivo, toda mulher que aborta (por vontade própria ou não) deve imaginar, ao menos uma vez, como teria sido aquele filho, que rosto teria, como seria seu jeito de caminhar... É assim que me sinto também com os meus textos, os textos que não pude procriar, que por desleixo ou preguiça, acabei por abortar.
É por isso que mesmo sem gostar, voltei a escrever em meus caderninhos como antigamente. E não, não tenho nada contra isso, o único problema é minha preguiça. Até acho divertido o contato da caneta com o papel e minha caligrafia vergonhosa estampada sobre ele. Entretanto, tenho o péssimo hábito de não transcrever para o computador os textos que escrevo dessa forma, e assim sendo, eles acabam se perdendo.
Hoje em dia somos todos muito dependentes da tecnologia: computador, celular, Iphone, Ipod, Ipad, ai meu saco! O ser humano viveu milhares de anos sem essa parafernália e agora, vejam só: somos escravos delas.
Bukowski estava certo ao dizer que no futuro (não muito distante) os humanos andarão arrastando suas bundas pelo chão. Sim, porque a tecnologia nos deixa cada vez mais preguiçosos. Logo será inventada uma máquina que se locomova por nós, para que assim, possamos fazer tudo sem precisar levantar nossas bundas sedentárias de nossas cadeiras.
Gastamos tanto com academia! Ora, que ironia! O ser humano tem o mundo inteiro para percorrer e mesmo assim paga para caminhar em cima de uma esteira. Nada faz sentido! Somos cada dia mais inúteis.
Foi por isso que hoje decidi tentar combater meu comodismo e voltar a escrever à moda antiga, sem corretores ortográficos, que fazem todo o trabalho duro quando se está produzindo um texto. E descubro que ainda gosto disso.  A sensação de escrever é única. O ato de escrever se torna mais humano quando seu texto é escrito com sua letra.
Fico feliz por ter chegado até aqui sem a ajuda do computador, mas confesso que não vejo a hora de formatá-lo para não precisar ficar repetindo esse processo sempre que a inspiração me procurar.  Pois quando se refere à produção textual devo me posicionar sempre contra o aborto das ideias.  E pra falar a verdade, se você que chegou até aqui, somente com a leitura, já está cansado, imagine como estão meus dedos!
O fato é que, mesmo depois de todo esse discurso, não vejo a hora de poder ter a comodidade do computador de volta. Também sou imprestável, também já paguei para caminhar numa esteira, e adoraria poder fazer tudo sem precisar levantar da minha cama. Também sou humana, não posso fugir a essa regra de ser também acomodada e quase inútil.

domingo, 18 de março de 2012

A poesia paga a conta



- O que você vai fazer com o dinheiro que apurou com a venda de seu primeiro livro?
Muita gente tem me perguntado isso, agora que me julgam escritora.
- Você deveria investir!
- Poderia guardar pra publicar seu próximo trabalho.
São alguns conselhos válidos. Mas a verdade é que nunca escrevi poesia pensando em ganhar dinheiro. Só escrevi por dinheiro quando trabalhava em redação de jornal, e mesmo assim, era quase em vão. Não se ganha muita coisa quando se trabalha como jornalista.
O tal glamour, do qual muitos se gabam, é sustentado por aparências, puxa-saquismo, e muita babação de ovo. A grande maioria dos jornalistas que conheço é um bando de lascados. Os que conseguem um pouco mais nessa profissão, praticamente, vendem suas almas; não ao Diabo, mas a coisa pior: à uma linha editorial que lhe arranca o senso crítico, e/ou a uma jornada de trabalho que lhe rouba a vida. Esse sim, é o grande e bem sucedido jornalista. Admiro quem consegue tal proeza, mas cada dia acredito mais que isso não é pra mim.
Não levo jeito pra ganhar dinheiro com isso. Me formei em jornalismo por paixão e creio que o faria de novo. Porém, hoje, percebo que minha paixão era muito mais por pesquisar/estudar do que fazer jornalismo de fato. O sentido utópico do jornalismo é muito bonito, mas a realidade é cruel e estuprou todos os meus sonhos. Fui estúpida por acreditar que conseguiria burlar o sistema.
Se, por um lado, o jornalismo me obrigava a escrever de acordo com ideias alheias e unicamente por dinheiro; por outro lado, é na poesia, na crônica, nas resenhas e em tantas outras formas textuais, que posso sentir o verdadeiro prazer de escrever.
Acredito que o ato da escrita não pode e não deve ser uma coisa mecânica. Por isso me doía tanto trair meus ideais na construção de uma matéria. Eu ganhava pouco, mas o pouco que me era pago não me permitia ter opinião, pensamento ou crítica. Eu era paga pra obedecer.
Insatisfação somada a um salário ruim acaba fazendo com que você reveja os rumos de sua vida. Hoje encontrei outra forma de ganhar dinheiro, que também é pouco, mas pelo menos sou livre para pensar. Desde que saí do meu último emprego como jornalista, em junho de 2011, escrevo apenas por prazer. E se é por puro prazer que escrevo, e se também já tenho como sobreviver, por que ficar fazendo planos e me questionando a respeito de que forma irei gastar o dinheiro que ganhar com minhas poesias? Até porque, não se trata de nenhuma fortuna.
Da primeira quantia que recebi, referente à venda do livro (publicado em coautoria com outros escritores), retirei uma parte e fui para um bar. Muitas de minhas poesias foram escritas numa mesa de bar, ou após sair de uma. Nada mais justo do que retribuir à cerveja com o dinheiro vindo das poesias que ela ajudou a criar. Não, não pretendo gastar tudo que ganhar com o livro em bebidas. Mas enquanto eu escrever e receber alguma coisa por isso, uma vez ou outra, a poesia pagará minha conta no boteco. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

“Só os virtuosos possuem amigos”



Apesar de não fazer o estilo do blog, achei que esse trecho escrito por Voltaire (em seu livro dicionário filosófico) merecia ser compartilhado com vocês. Talvez alguns até já tenham lido e conheçam a obra do autor bem melhor que eu, mas em todo caso, fica aí um belo escrito e, para os que não conhecem, uma dica de um ótimo autor. 

"AMIZADE-
Contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis porque um monge, um solitário, pode não ser ruim e viver sem conhecer a amizade. Virtuosas porque os maus não adjungem mais que cúmplices. Os voluptuosos careiam companheiros de devassidão. Os interesseiros reúnem sócios. Os políticos congregam partidários. O comum  dos homens ociosos mantêm relações. Os príncipes têm cortesões.
Só os virtuosos possuem amigos."

François-Marie Arouet - Voltaire (1694-1778)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ator Fragmentário


No palco dos lamentos eu expus a minha dor
Neste palco de lamentos sou artista, sou ator.
Ator coadjuvante num cenário entediante
E eis que surge ela: a vida,
 protagonista mais bela
do meu teatro de ilusões.
E a cada dia o espetáculo continua
Lá vai ela , a  vida, nua e crua.
A história se desenrola sem texto fixo:
Às vezes drama,
Às vezes comédia...
Tudo improviso!
E a cada dia surgem novos personagens:
Amigos, inimigos, amores;
Mocinhos, bandidos... Só atores!
Grandes atores de renome,
E eu, pobre artista sem nome,
Em meio a todos eles.
Ludibriado, servindo a tantos senhores!
Sou João, Maria, Isabel...
Tantos personagens!
Mas todos com um pequeno fragmento de mim,
Um eu fragmentário, divisório, solitário.
Um personagem secundário coberto por um véu
Personagem sem nome.
Ana, Cristina, Isael...
A verdade é que de todos os atores
Sou o único presente em todas as apresentações:
Estou sempre lá, no segundo plano,
Figurante sem falas e sem ações.
Sou artista, ator, vaidade;
Desfrutando de um gozo falaz, inebriante, leviano.
Um eu fracionário,
fração de mim;
Ator fragmentário
de um show perto do fim.
O show acaba,
o público já se esbaldou.
Os atores estão cansados;
É aí que todos se vão.
Fico sozinho no palco
ensaiando um monólogo
 intitulado solidão.