domingo, 22 de dezembro de 2013

Prendam os vândalos




Eu vi paredes pintadas
E gente gritando de horror:
“É preciso encontrar os culpados!”.

Eu vi nos muros da cidade
O silêncio dos oprimidos
Pintado com tinta e raiva
E nas ruas o povo gritando:
“É preciso encontrar esses vândalos
Para que possam ser punidos!”.

Eu vi uma prefeita cassada
Para além da soma dos dedos
E vi um povo calado
Como se não se importasse
Ou tivesse medo.

Eu vi corrupção, lavagem de dinheiro,
Racismo e homofobia,
Machismo e muitos escândalos.
Mas ninguém se importa com isso,
O que importa mesmo é prender os vândalos.

Ora, que ousadia!
Querer ter voz nessa cidade,
Querer gritar através dos muros.
Prendam logo esses vândalos.
A justiça precisa ser feita.

Cassações, corrupção, mortes e fome,
Doenças e crimes
Não são tão urgentes assim.
Precisamos mesmo é nos manter seguros.
Por isso comecem a caçada,
Prendam todos esses loucos
Que andam por aí de madrugada,
Pintando paredes e muros. 

Malditas feministas



Malditas feministas!
Essas mulheres atrevidas
Que lutam por justiça,
Que desestruturam o sistema
E abalam os valores da família padrão.

Malditas feministas!
Seguindo em marcha, de mãos dadas,
Derrubando preconceitos e impérios.

Malditas feministas!
Mulheres independentes,
Mulheres que sabem o que querem
E que deixam sem argumentos até o mais feroz dos críticos,
Que na falta do que dizer diante da força dessas mulheres,
Exclamam palavrões: “Vadias! Malditas! Putas!”.

Malditas feministas!
Malditas mulheres de luta!
Que fazem cair por terra o discurso fundamentalista
Malditas mulheres guerreiras!
Não sabem se dar ao respeito,
Não são moças de família.

Malditas feministas!
Caminhando de mãos dadas,
Não recuam um só segundo
E assim, de mãos dadas,
Se atrevem a mudar o mundo!



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sobre pessoas estúpidas


Como tem gente desqualificada no mundo!


O povo termina o ensino médio e não sabe nem a diferença entre "mais" e "mas" (alguns universitários não escapam dessa realidade). "Mais" o que me espanta é que tem gente que deveria, por profissão, saber ao menos o básico, e nem isso tem! Me espanta como esse mercado de trabalho absorve esses 'proficionais' e deixa passar certos 'estrupos' gramaticais e ortográficos. E deixo claro que eu não estou criticando o cidadão comum de baixa escolaridade, não. Eu estou falando de gente que trabalha com isso, gente que é paga pra isso.

E tem mais, o mundo também está cheio de gente estúpida que adora dar pitaco sobre coisas que não entende, gente que acha que sabe de tudo, que discute até com quem tem autoridade em certos assuntos e se acha superior, mesmo estando apenas falando (merd...) bobagens e causando irritação e vergonha alheia.

E estudar, que é bom, ninguém quer!

#PáMerdaOme!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Morte na praia


Morrerei amigos, morrerei.
Morrerei amigos meus,
Sem choro,
Sem verso de despedida,
Sem adeus.

Morrerei sorridente,
Em hora inesperada.
Morrerei de morte matada,
Da vida jamais saciada.

Morrerei num dia de sol,
Nos braços do mar,
Por suas ondas levada.
Morrerei de amor,
Por puro amor inundada.

Morrerei no meio da tarde
De uma sexta-feira como esta,
Ardente e colorida.
Morrerei alegre na praia,
Cantando vivas à vida.


sábado, 26 de outubro de 2013

Palavras para o futuro


Eu vi um corpo sem vida,
Coberto de vermes,
A carne podre.

Eu vi um rosto sem alma,
Despido de sonhos
E de valores.

Eu vi um homem morto,
Entregue aos vermes,
Só carne e osso.

Eu vi um homem podre,
Se decompondo, fedido,
Em completa putrefação.

Eu vi, uma vez na vida,
O que me aguarda no futuro.
Aquele homem sou eu amanhã!

Sem dinheiro, sem orgulho,
Somente um corpo frio,
Em decomposição.

Sem rosto, sem nome,
Sem posses, sem fantasias.
Serei também um corpo podre, algum dia!

E por isso escrevo, para que sobre de mim,
Além da carne entregue aos vermes,
Vestígios de minha alma, expressos em poesia. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O que explica o desejo?


O que explica o desejo
E essa fome incontrolável que eu sinto
Cada vez que eu te vejo?

O que explica esse meu querer?
Seriam os olhos traiçoeiros
Que me olham cativantes
A me convidar para perder-me
Em suas curvas inquietantes?

O que me impele até o teu ser?
Seriam os lábios fascinantes
Que me beijam desordeiros
Sem jamais tocar-me o corpo?



quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Helena


Nasceu entre tantas
E desde cedo aprendeu a segurar as pontas.
Mas diferente de suas irmãs
Tinha outros anseios.

Ousou amar,
Arriscou-se a sofrer,
A parir, dar de mamar,
E fora das normas viver.

Essa mulher Helena
Aprendeu a ser suprema,
Botou os pés na estrada,
Nunca fugiu da batalha.

Foi amante, foi guerreira,
Revolucionária.
E por não lhe faltar coragem
Lutou com muito vigor
Pelo direito de ser como é.

O receio não estremece,
O corpo jamais padece,
O desejo não emudece,
No coração dessa mulher.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Poesia ultrajante

Ria de mim, mulher traiçoeira! Ria de mim e do desespero que me abate Cada vez que um amigo me dá conta De mais um de seus amantes. Ria de mim, mulher covarde! Ria de mim e do papel ao qual me presto Cada vez que a raiva e o ciúme me invadem E te faço, como agora, poemas ultrajantes. Ria de mim, mulher ingrata! Que prostitui seus beijos nas calçadas, Os beijos que jurava serem meus, Nos tempos em que fingia que me amava. Ria de mim, mulher impiedosa! Ria de mim e de minha sina desastrosa. Mas a mágoa que sinto agora, Irei levar para a cova. Ria de mim, mulher esnobe! Ria de mim e de meus versos pobres, Da minha falta de estilo, Das minhas rimas forçadas. Ria de mim, mulher dissimulada! Do meu discurso enfadonho, Da minha dor envaidecida, Dessa retórica fracassada. Ria de mim, mulher desalmada! Mulher falsa e orgulhosa, Ria de mim, realizada, Pela dor e o desespero que me causa. Ria de mim em outros braços. Ria de mim e de meus versos mal criados, mal escritos, inacabados. Versos insanos e entristecidos que a ti agora dedico, Como outrora dediquei minha alegria. Ria de mim, mulher perdida! Que perdeu-se do amor, e me perdeu, Que jurou me amar por toda a vida E na primeira esquina me esqueceu. Ria de mim, mulher fingida, E de tudo que te jurei pra toda a vida, Deixo apenas este poema mal escrito, Somente este poema, todo seu.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Juras de um falso amor


Jurava-me um amor intenso e louco
Mas foi só eu virar as costas
E suas juras já estavam postas
Sobre as calçadas dos becos
Nos quais descomposta 
Lambuzava-se em outras salivas

Guarde o seu amor para quem te queira
Que de seus lábios eu não quero nem a promessa
Nem a esperança desordeira
Que ficou em mim após aquele adeus

Distribua seus beijos amargos pelas ruas e calçadas
Que eu de você não quero nada
Nem mesmo as lembranças do amor
Que falsamente me jurava

Vá viver seus prazeres mundanos
Vá viver de amor em amor implorando
E se entregue ao papel ao qual se prestou
Prostitua seus beijos nas sarjetas
Prostitua seus sonhos e o amor que me jurou

E se um dia cruzar comigo na rua
Faça de conta que eu nunca fui sua
Quando eu te vir por aí mendigando
O mesmo amor que vivia jurando
Nem pena irei sentir

Vá buscar seu horizonte
E desapareça da minha estrada
Perca-se nos becos e calçadas
Distribua aos bêbados e mendigos
As migalhadas do seu amor de fachada.

Quase nada

Olhares fúnebres,
Olhos úmidos,
Noite fria.

Madrugada adentro
Nós nos maltratamos
Com palavras afiadas
E lágrimas incontidas.

Chegamos ao final dessa jornada
Sem culpa, sem remorsos,
Sem quase nada,
Apenas os pedaços do nosso amor
Espatifados pelo chão da nossa sala,
E os vestígios de tudo aquilo que um dia fomos
Impregnados para sempre em nossas almas. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Rompimento


Agora só nos resta seguir a nossa história
Um dia desses passo aí para pegar aqueles livros
Aproveito pra levar as suas coisas.
Nos veremos, trocaremos um sorriso
E depois você irá lembrar daquela sua camisa que esqueci de levar
E irá me procurar.
Trocaremos novamente alguns sorrisos
E nos esforçaremos para não deixar transparecer as nossas lágrimas.
Vamos sofrer cada vez que olharmos nossas fotos,
Mas vamos viver, apesar dos desencontros.

sábado, 5 de outubro de 2013

Retrato do tempo


Encontrei perdida em minhas coisas
Uma fotografia antiga
Que me trouxe novamente
O seu rosto.

A saudade que eu julgava superada
Abateu-me de súbito,
Olhei atentamente cada detalhe,
Nossos olhos sorridentes,
Nossos lábios apaixonados,
Embalados pelo mesmo riso,
Nossas mãos entrelaçadas...

O que restou de tudo isso em nossas vidas?
Hoje somos silêncio, solidão e apatia,
E tudo que vivemos se perdeu no tempo
Aprisionado naquela fotografia. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Desertos


Desertos atravesso
Procurando por teu corpo.
Em uma jornada incerta
Que se desenrola em meu peito.

Por noites em silêncio
Procurei-te no meu quarto,
Projetei a tua imagem,
O teu beijo, teu contato...
E perdi-me entre cigarros,
Submerso em devaneios.

Ensaio abraços e palavras,
Ensaio algumas carícias,
E junto de ti me vejo,
Consumando o desejo,
Em tua pele abrilhantada.

Perco-me em meus delírios,
Idealizando a imagem tua,
Submerso na vontade,
De peito aberto e a alma nua.





quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Frigidez


Teus lábios em meus lábios gélidos
Minhas mãos em tuas mãos frias
Nossos beijos sem sabor
Revelam a frigidez de um amor glacial
A febre, o fogo, o gozo e o viço
Já não nos contemplam como outrora
E sofremos em silêncio
Com essa dor que nos devora.
O tempo, implacável, congelou nossos desejos.
Sobrevivemos de emoções tíbias
E de beijos insípidos.
Mas o amor ainda estava lá,
Em algum lugar,
Mascarado,
Congelado no dissabor
De nossa rotina anti-erótica. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Suicídio I

Dedicado a todas as vítimas desse mundo insensato

Agora ela já não dança
E seus cabelos dourados
Já não enfeitam mais
Os salões de festa.
No baile hoje à noite
A música irá soar
Em um tom mais triste
E até a noite ficará
Mais escura e fria
Quando sentir a sua ausência...
Quantas pessoas morrem todos
Os dias por falta de amor?

Um dia...


Talvez um dia eu te conte,
Em um dos meus poemas,
Como estou.

Talvez um dia você descubra,
Em um de meus versos,
O quanto te amei.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Dissonantes


Nossos beijos de tão doces foram ficando amargos
O tempo nos levou a velejar em correntezas inconstantes
Nossos corpos já não se afinam no mesmo tom
Nossos suspiros hoje são dissonantes
E meus olhos de tão contentes foram ficando úmidos.


domingo, 29 de setembro de 2013

Era pra ser um poema


Não adianta forçar a escrita,
Quando o coração está aflito a alma grita,
E por mais sufocado que esteja
Em minhas palavras e pensamentos,
As mãos tremem,
A boca fica seca,
A visão fica embaçada,
E o que propus ser um poema
Acabou não sendo nada.


Brincando com a morte


A morte é uma palavra 
Que nunca se familiarizará em meu vocabulário.
A morte é o fim de tudo,
O fim do mundo,
O fim do homem.
Queria ser ingênuo e alimentar esperanças,
Mas não posso mais.
A morte não é um enigma,
A morte não é um segredo,
Não há respostas na morte,
A morte é apenas a morte,
Veloz, sagaz, imperdoável, certeira.
E todos os dias a morte e eu
Brincamos de esconde-esconde
Embora já saibamos quem vai ganhar esse jogo.

sábado, 28 de setembro de 2013

Juntem-se aos loucos



Lá de longe, nos confins de Mossoró,
No admirável mundo novo,
Onde o conformismo se espalhou,
Onde o povo acomodado idolatra o opressor;
É de lá que está vindo esse barulho,
Esse grito que ecoa agora pelo mundo,
A voz dos poetas e dos loucos,
A voz dos artistas, dos bêbados e operários,
A voz de quem se cansou.

Calem-se os hipócritas, os conservadores, os reacionários!
Calem-se a direita, a prefeita, a rosa e o DEM!
Calem-se as autoridades e aqueles que se dizem “a turma do BEM”.
Calem-se todos!

Ouçam somente os loucos,
Os que andam na contramão.
Juntem-se a estes loucos,
E unidos, de mãos dadas,
Ingressem na caminhada
E vamos fazer revolução.


Hipocrisia da paz mundial



Quantos gritos ecoaram.
Quantas lágrimas rolaram,
E quantas vidas cessaram,
Em nome da injustiça, do capital e do horror?

Quantas bombas explodiram,
Quantos corações se partiram,
Quantas feridas se abriram,
Em nome do lucro, da exploração e do terror?

Quantas desgraças provocadas,
Quantas mentiras contadas,
Quantas histórias sendo deixadas pra trás!

Quantas almas devastadas,
Quantas nações exploradas,
Quantas guerras iniciadas em nome da paz! 

Vagas emoções


Parei para olhar-me no espelho
E percebi que estava faltando algo:
Sua imagem do meu lado,
Pelo tempo apagada.

Você que já foi a minha metade,
Você que já fez parte da minha alma,
Você que hoje é tão ausente,
Que se perdeu de mim ao longo da estrada.

Em nossas fotografias
Nossos sorrisos não transmitem mais alegria
E só me trazem vagas emoções
Como se falassem de vidas passadas.

Parei diante do espelho
E percebi que estou ficando velha,
Velha demais pra sentir saudades,
Velha demais para perdoar.


Imensidão


Avisto pela janela
A imensidão do nada que me rodeia
E sinto-me pequeno
Como qualquer outro ser,
Uma peça insignificante
Nessa grande engrenagem
Que faz o mundo girar.


Nunca mais


Hoje eu me lembrei de você e me veio uma série de recordações à cabeça. Lembrei-me das coisas boas que vivemos, de quando sentávamos juntos para ver um filme, de como conversávamos sobre tudo, das vezes que ligamos um para o outro no meio da noite por haver perdido o sono...
Lembrei-me das tardes nas quais tomávamos café e falávamos sobre alguns livros, de quando juntávamos alguns discos e CDs e nos perdíamos tentando reviver épocas das quais não fizemos parte;
Das vezes que rimos sem ter motivo, ou por motivos diversos, quando choramos abraçados, de quando nossos cabelos, de tão misturados, se confundiam;
De quando achamos que seria assim pra sempre.
De quando ousamos almejar o sempre.
Hoje você e eu Somos dois estranhos, indiferentes, rancorosos, magoados.
Tudo foi intenso demais, até as brigas.
Cada dia mais acredito que as coisas da vida vêm sempre com prazo de validade. Não estou lamentando, nem sentindo saudades. Eu fui sincera quando disse “nunca mais”. Porém, as palavras rudes, as ofensas gratuitas, as traições que nos rondaram não são capazes de anular as alegrias que dividimos.
Não lamento pela situação atual, mas também não me arrependo do passado.
Você fez parte de muita coisa em minha vida, e vai estar sempre presente nas minhas lembranças. E só assim, quando recordo a pessoa que um dia você foi, posso ainda pensar-te com carinho.




terça-feira, 24 de setembro de 2013

Renascer


Saio a caminhar pelas ruas sem saber pra onde vou
O vento me leva,
E pela primeira vez em muitos anos,
Deixo o sol tocar meu rosto.

Pés na estrada, incertos,
Porém, os passos de agora são bem firmes.
Me solto e me aventuro pelas ruas,
E vou por aí, sem destino.

Apenas caminhando,
Sem querer parar,
Com meus passos guiados pelo sol,
Pois não temo mais a luz
E não preciso mais esconder meu rosto.

Saio finalmente das sombras
E contemplo a luz do dia,
No dia mais ensolarado,
O sol mais iluminado
Que já vi.

O dia em que vesti-me de mim
E quis sair por aí,
Das trevas libertado,
De ilusões alforriado,
O dia em que renasci.

Já não me assombra a incerteza,
Já não enfrento a correnteza,
Apenas me solto por aí
Me afastando das lembranças
Daquele dia em que morri.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Olhos da lua



Os olhos da lua em meus olhos concentrados
E minha alma incontida em festejos
Pois é só sentir-me por aqueles olhos tocado
Que já me pego fantasiando alguns desejos

Quisera eu que a lua um dia me escutasse,
Ouvisse as súplicas que lhe faço através de alguns olhares
Quisera eu que a lua um dia me entendesse
E pudesse interpretar no meu sorriso
O desejo que me consome e que omito

Oh, lua de minhas noites insensatas
Que ilumina a minha dor e desconhece
Que as lágrimas que rolam do meu rosto incontroladas
São reflexos de anseios infundados
São os gritos que a timidez me emudece. 

sábado, 21 de setembro de 2013

Paralelos


Foram apenas sorrisos e olhares
E já bastaram para bagunçar nosso viver
Um sentimento indefinido se revela aos poucos
De maneira crescente, involuntária
E nos devora a alma
Envolve-nos lentamente
Desordenando nossas vidas
Afastando-nos da estrada
Arrastando-nos por caminhos paralelos
Que jamais se cruzam.
Paralelo amor,
Paralela dor,
Para dor.

O tormento do não ter


Eu amaria você pra sempre, se pudesse
Se nos fosse permitido
Eu seria o seu amante, o seu servo
E não apenas seu amigo.

Fomos condenados ao tormento do não ter,
Não poder, não tocar.

E mesmo que a alma denuncie o que sentimos
E nossos olhares se penetrem mutuamente
Permanecemos em silêncio
Maltratando o nosso espírito
Amando isoladamente.


Bom dia meu bem!


Bom dia meu bem,
Aonde quer que você esteja.
Espero que seja um bom dia,
O que quer que você faça.

Andei pensando em você e me veio vontade.
Andei querendo te ver e me veio a saudade,
Sentimento este que jamais poderá ser saciado.

Procuro-te em qualquer coisa que me faça te esquecer.
Preparo um drink e te bebo,
Acendo um cigarro e entorpeço-me de você.
Eu te bebo, eu te fumo,
Me maltrato e te consumo.

Sufoco meus sentimentos em outra taça de vinho,
Embriago a saudade,
Inebrio a ansiedade,
Mas não consigo combater o desejo.

A noite passou e eu nem vi,
O vinho acabou,
Os cigarros estão no fim.
O dia chegou pra você e pra mim.

O dia amanhece e te faz despertar.
Sei que estás por aí, como o sol, a brilhar.
Mas não brilha para mim.
Bom dia, meu bem, aonde quer que possa estar.

Bom dia meu amor,
Sorria pra vida,
Sorria pro sol,
O sol que vive a te aquecer,
O sol que eu queria ser.

Começa o seu dia, bem longe daqui,
Seus sonhos te levam pra longe de mim.
O dia começa, o último cigarro está no fim.
O dia começa, e eu anoiteço,
O dia amanhece e então adormeço.