quarta-feira, 9 de abril de 2014

O problema da finitude


A morte é algo que sempre irá me causar estranheza. É sempre duro aceitar que aquele brilho nos olhos, aquela voz e aquele sorriso, simplesmente se desfizeram, e nada mais poderá ser capaz de trazê-los de volta. 

Eu nunca vou enxergar isso como uma coisa normal. Embora a morte seja algo pelo qual todos teremos que passar, embora ela nos ronde todos os dias, embora muitas pessoas e animais queridos tenham partido para sempre, não consigo aceitar essa ideia, não consigo lidar com o problema da nossa finitude. 

E apesar da presença constante da morte em nosso dia a dia, em nossas vidas, levando nossos parentes, amigos, animais de estimação, eu me recuso a pensar nisso, pois não me agrada a ideia de que somos finitos.

Em minha mente, em minha alma, todas as criaturas constituídas de amor deveriam viver para sempre.

domingo, 6 de abril de 2014

O caos das madrugadas


A cerveja tem sido
Minha maior confidente.
Entrego a ela
Meus desejos mais inconsequentes.

Larguei-me nos braços do acaso,
Esse desconhecido de beijos tão amargos.
Larguei-me no mundo,
Vivendo por alguns segundos,
A alegria de alguns tragos.

Tenho saído pouco,
Vivido pouco,
Amado feito um louco...

Ando carente,
Como cachorro abandonado pelo dono.
Há um caos enorme em meu peito,
Estou em perfeito abandono.

E nessas horas mortas
Que se arrastam nas madrugadas
Não quero conversa, não peço esmolas.
Sirva-me uma cerveja, deixe aí sobre a mesa
E apague a luz antes de fechar a porta.

sábado, 5 de abril de 2014

À espreita


Eu havia me afastado de tudo e de todos.
Estava cada vez mais imerso em minha solidão,
Me perguntava se viver ainda era uma alternativa.
A morte sempre me espreitou, sempre. 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Quando a boemia se foi


Eu costumava passar a maior parte do meu tempo me odiando, repudiando a minha existência. Eu realmente não estava bem. Na verdade nunca estive, mas naquela época eu estava pior.  Nos tempos de bebedeira e vagabundagem eu costumava encher a cara e esquecer os meus problemas, conseguia sorrir. Era uma época relativamente boa. Eu saia com uns amigos, ia a alguns bares, tomava todas, dava vexame, chorava, vomitava, mas eu fazia alguma coisa. 

Qualquer loucura é melhor que o tédio.

Agora era diferente, eu não saia, não via ninguém, quase não tinha amigos, nunca tinha dinheiro pra sair, não conversava com ninguém fora do meu ciclo profissional. Comprava umas cervejas e ia pra casa beber sozinha assistindo televisão. O máximo de interação que tinha era com estranhos pela internet, talvez pessoas com vidas tão desgraçadas como a minha.  Noite após noite, eu voltava pra casa no final do dia, passava no supermercado e comprava umas cervejas, me embriagava sozinha vendo séries de TV, depois ia dormir. Acordava tarde, me alimentava mal, e saia pro trabalho, pra quando voltar, repetir tudo.

O trabalho, aliás, era um dos meus maiores tormentos. Eu não gostava daquele lugar, não gostava daquela gente, mas fingia gostar, por que eles não tinham culpa, ninguém tinha culpa. Eu era o problema.  Eu não sabia me relacionar, não queria. E o trabalho me obrigava a fazer isso.

Eu me irritava frequentemente, e por pouca coisa. Nunca tive paciência para coisas chatas, e tinha menos saco ainda para as pessoas. 

Em sua maioria, as pessoas costumavam ser fúteis, estúpidas ou burras, ou as três coisas ao mesmo tempo. Eu não queria perder meu tempo com esse tipo de gente. Meus amigos estavam longe, então eu preferia ficar em casa e me embriagar sozinha. Se quisesse falar com alguém, eu falava com meus gatos, estes sim, criaturas maravilhosas, autênticos, livres e carinhosos. Enquanto eu tivesse meus gatos, não fazia questão da companhia de ninguém. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A solução para meus problemas


O relógio marcava 17h43 e minha angústia aumentava. Mesmo sabendo que seria liberada às 18h como de costume, eu estava ansiosa para ir embora. Era um daqueles dias em que eu só conseguia pensar que a solução para os meus problemas seria meter uma bala no meio dos meus olhos e decorar aquela parede branca com inúmeros pedacinhos dos meus miolos. Em dias assim (e esses dias eram frequentes) eu sentia vontade de fazer um monte de coisas, e as faria, se fosse realmente livre. Era nesses dias que eu tinha certeza do quanto a ideia de liberdade que nos vendem é ilusória.

Queria acender um cigarro só para ter a desculpa de dar umas voltas pela calçada e tentar sair um pouco daquele ambiente desagradável, mas não queria punir meus pulmões também, já bastava o mal que aquele ambiente causava à minha alma.

Não conto as vezes que me tranquei no banheiro para chorar. Eu tinha muitos motivos para achar que aquele quadro não mudaria tão cedo e ficava me imaginando ali, dia após dia, no Natal, no Ano Novo, Páscoa, dia dos pais... e esse ciclo se repetindo... Não tinha como não enlouquecer com isso.

Aquele ambiente roubava minha energia vital e meu maior desejo era poder falar algumas verdades para algumas pessoas que faziam parte daquela rotina. Era muita baboseira, muita futilidade, muitos egos duelando, muita gente querendo me atingir com essas merdas. Eu só conseguia sentir nojo da pequenez espiritual daquela gente.

Eles eram os religiosos, os politicamente corretos, os respeitados cidadãos de bem. Conseguiam reunir em um só pacote toda a hipocrisia social que existe no mundo, todas as coisas e atitudes ridículas de moralistas conservadores que eu sempre abominei.

Era uma gente que só pensava em status, visibilidade e dinheiro. Gente que tratava as outras pessoas (as mais pobres, ou as que pensavam diferente) como se fossem coisas, e algumas pessoas (as mais ricas, ou as mais influentes) como deuses, talvez em busca de algum benefício, afinal, amizade gratuita estava em extinção entre aquela gente. 

Eu realmente queria explodir meus miolos.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

“Meat the truth - Uma Verdade mais que Inconveniente” – Um filme que todo mundo deveria assistir

Não poderia deixar de falar deste documentário maravilhoso, ainda mais em tempos de incentivo e pressão para que as pessoas incluam o jumento também em seus cardápios (Como se já não houvesse matança suficiente no mundo).

O documentário “Meat the truth” (traduzido no Brasil como “Uma Verdade mais que Inconveniente”) critica a indústria de carne e expõe as relações entre a pecuária e o aquecimento global.

Além disso, o vídeo é uma crítica ao documentário “An Inconvenient Truth” (Uma Verdade Inconveniente) produzido por Al Gore, sobre o aquecimento global, que lhe rendeu um prêmio Nobel. Mas, mesmo sendo tão aclamado, o vídeo de Gore não nos trás a verdade, ele omite que o consumo de carne é o fator que mais contribui para os danos que o meio ambiente enfrenta atualmente.

A hipocrisia de Gore e os efeitos negativos que o consumo de carne nos causam todos os dias é o que se pode ver nesse vídeo. Deixo o link para quem tiver interesse em saber mais.


O mais ridículo dos animais


O homem é o mais ridículo dos animais e ainda assim se acha superior. Patético!

Procure, entre todos os animais, quais deles têm hora para acordar, obrigação de fazer coisas que só de pensar já dão um nó no estômago ou um monte de compromissos enfadonhos para ir todos os dias?

Vi minha vida passar enquanto eu rabiscava papéis em uma sala fria.

Sempre odiei o sistema, mas tive que aprender muito cedo que não havia como fugir dele. Que inferno! Era isso a vida humana? Uma prisão a céu aberto, onde cada um apenas cumpre uma série de obrigações?

O homem passa mais tempo se dedicando a obrigações desgastantes do que fazendo aquilo que realmente lhe faz bem.

Eu sempre gostei de literatura, poesia, música, cinema e artes em geral. Porém nunca tive o prazer de poder me dedicar a nenhuma dessas atividades com prioridade. As prioridades eram sempre as coisas mais irritantes, o trabalho, as pessoas que eu não queria ver, o dinheiro. E não falo isto como uma pessoa capitalista que se arrependeu da vida mesquinha que teve. Falo isso como ser humano preso a uma rede de obrigações enfadonhas. 

A regra é essa, independente de seus ideais, você tem que se ajustar ao sistema, ou sucumbir a uma vida de miséria.

E veja que contraditório, para fugir da miséria financeira, abraçamos a miséria espiritual.