segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O solitário morrer na África


Os primeiros raios de sol mal haviam saído
Quando o clarão começou
O clarão das chamas
E o som dos lança-granadas!

O sol mal havia saído
Quando o terror começou.
Não houve luz naquela manhã,
Só o sangue manchando o chão.

Não houve sol naquele dia,
Não houve luz, nem alegria.
Só o som dos disparos,
E os inocentes desesperados,
Refugiados queimados vivos,
Sobreviventes isolados.

Não houve vida naquele dia,
Não houve amor, não houve sol.
Só gritos e explosões.
Só mortes e covardia.

Um adeus sem despedidas.
Após o massacre, o desconsolo.
E a missão aos que ficaram
De sobreviver sobre os corpos
E os destroços,
Do que um dia fora vida.

Quem chorará pela dor dessa gente?
Quem protestará por esses mortos?
Dois mil motivos para lágrimas,
E tudo que resta agora,
É este silêncio mórbido.

Onde estão os líderes mundiais?
O que fizeram depois de Paris?
Duas mil vozes caladas,
E um Ocidente Apático.
Onde estavam os homens da paz
Quando tudo começou?

“É solitário morrer na África” – Escreveu
Alguém, certa vez.
É solitário morrer nesse mundo,
Onde vidas são tratadas como nada,
É solitário morrer nessa realidade,
Onde a cor da pele e o capital
Determinam quanto vale uma vida, afinal.
É difícil morrer como um nada.
É solitário morrer na África.
É solitário morrer em Baga.