quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amor-feto


O que sobrou de nós?
Apenas as palavras que te escrevo agora
E as lembranças que retiramos de dentro de nós
Mas que na história do tempo, na história do nosso tempo não podem ser apagadas.
Talvez ainda esteja aqui, dentro de mim, e só em mim,
Inconsciente,
Uma adormecida ou mórbida saudade,
Que me faz recorrer à poesia
Como meio de expurgar de mim
Esse sentimento todo que precisei abortar
Como a mãe que tira o filho contra a própria vontade:
Nunca poderá voltar atrás,
Mas isso não lhe impede que o relembre vez ou outra,
Que sinta falta daquele ser sem rosto que ela impediu de crescer, de viver ao seu lado e se fortalecer.
Foi assim com o que senti,
Crescia forte e saudável dentro de mim,
Mas só em mim...
Um filho órfão,
Um filho indesejado,
Que precisou ser retirado...
O que restou de nós?
Eu te pergunto...
Apenas as lembranças de um amor-feto abortado.

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