segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ciúme



Provou outra vez o ciúme
Aquele gosto amargo
Que entala na garganta
Como um vinho seco barato
Que fere até as entranhas
Sentiu-se então irracional
Sentimento sem sentido
Ciúme
e desejo reprimido!!!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Psicopatas me perseguem!


O povo tem mania de dizer que cada pessoa tem um dom de atrair alguma coisa:



- Fulano só atrai coisa ruim!



- Não sei quem só atrai homem safado!



E outras coisas assim.



No meu caso, podemos dizer que eu atraio psicopatas (Não vou dizer que “só” atraio psicopatas , porque seria mentira, também atraio gente besta, chata, ignorante, bêbados e tudo o mais de ruim que se possa imaginar, mas isso já seria assunto para outro texto).



Voltando aos psicopatas, meu primeiro contato com um foi um professor de sociologia da faculdade. Ele não parecia perigoso, mas tinha a maior cara de doido. Nas aulas ninguém sabia do que ele estava falando, viajava demais, tinha um mundo próprio, parecia mais um aluado, um Tonho da Lua. Porém, ele tinha uma mania de falar com as pessoas olhando para o nada e de se virar de repente para alguém (lê-se: EU) enquanto falava com outra pessoa e começar a rir do nada. Aquilo sempre me assustou. Sempre achei que ele ficava imaginando formas de matar as pessoas enquanto olhava pra elas, por isso perdia o nexo do que estava falando e começava a rir. Isso sem contar no prazer que ele tinha em falar sobre o suicídio! Acho que Descartes foi o único pensador que vimos nessa disciplina. Ainda bem que foi só por um período.



Ainda na faculdade, apareceu um cara que até hoje não sei como conseguiu se matricular em uma disciplina do quinto período sem nunca ter cursado nada do curso antes. Ele era, aparentemente, só mais um desses caras desinteressados que por algum motivo se matricula numa disciplina sem o menor interesse de cursá-la. Na verdade, ele era matriculado em duas disciplinas, porém, pouco aparecia na sala de aula, e quando vinha deixava o clima tenso. A criatura era metida a repórter policial e adorava falar sobre assuntos relacionados à morte. Ele interrompia a aula para falar que tinham acabado de matar alguém. Ele adorava comentar os detalhes acerca das mortes mais violentas que aconteciam, seus olhos brilhavam enquanto ele falava disso, e quanto mais sangue a história tivesse, mais empolgado ele ficava (Deveria ter iniciado carreira no Instituto Médico Legal). A turma inteira ria dele e ao mesmo tempo sentia um certo receio. Até que um dia ele foi reprovado (o que já era de se esperar de uma pessoa que mal vai à aula e quando vai é só pra interromper falando de assuntos sombrios). Entretanto, parece que ele não esperava isso, por certo achava que suas “preciosas” informações sobre a morte alheia iria lhe render uma nota máxima em todas as atividades. O fato é que esse homem se revoltou na sala de aula e ameaçou a turma inteira, disse que morreria logo, mas que antes disso levaria um bocado de gente com ele. Foram meses assistindo aula com as portas trancadas.



Poucos meses depois desse episódio, comecei a trabalhar dando aulas de português numa escola pública de ensino fundamental. Logo de início a diretora me deixou muito animada:



-Pode ficar tranquila, você não terá aulas no sexto ano ‘B’.



Fiquei sem entender o porquê de isso ser um motivo de alegria ou tranquilidade. Dias depois soube que um aluno dessa referida turma tinha atirado uma cadeira contra um professor certa vez. Nesse dia compreendi o sentido da palavra alívio. Ilusão a minha. Até parece que meus problemas iriam se resumir a uma turma. Os alunos eram incontroláveis e eu tentava não sair correndo durante as aulas. Mas tinha que manter uma postura, afinal, estágio ou não, eu estava ali como professora, precisava impor algum respeito. Numa dessas ocasiões em que precisei me impor, estava no meio de uma explicação quando percebi que um dos alunos além de não estar prestando atenção ao que eu dizia, estava ouvindo música e atrapalhando o meu raciocínio. Pedi que ele parasse, e ele fingiu não escutar. Fui até a cadeira dele e disse que se não parasse eu ia ter que tomar o celular e que só o devolveria após o término da aula. Nesse momento ele retirou um dos fones, ficou de pé (ele tinha quase o dobro da minha altura e eu só percebi isso naquele dia), me olhou com um ódio tão sincero (o que me fez sentir um nó na garganta) e disse assim:



-Professora, eu gosto de ouvir música (Ele falava e me olhava com muita raiva). E quando eu não escuto, eu fico muito nervoso! (A ênfase que ele usou na palavra ‘muito’ me fez sentir arrepios).



Minha sorte nesse episódio foi a interrupção da aula por uma das coordenadoras da escola para dar um aviso. Depois disso, jurei pra mim mesma que da próxima vez que ele ouvisse música, eu dançaria com ele. Mas como ele pouco ia à escola, não me causou mais problemas.



Já trabalhando como jornalista, encontrei certa vez um senhor que tinha verdadeiro fascínio pela dor dos outros e por histórias sobre corpos em estado de putrefação. Quando viu que eu era repórter o homem logo se aproximou e começou a puxar conversa sobre o assunto. Como o entrevistado me deu um belo chá de cadeira, tenho histórias pra lembrar e sentir nojo até hoje. Minha sorte foi que o entrevistado apareceu justo na hora que o homem ia falar sobre o corpo de um senhor que tinha sido esfaqueado e foi encontrado dias depois em um rio.



Um dia desses, saí com uma amiga para uma lanchonete perto de casa, e encontramos um conhecido dela. O cara além de chato gostava de forçar intimidade. Resolvemos então sentar numa mesa afastada da dele. Esforço inútil. Minutos depois ele chegou e sentou na nossa mesa sem ninguém convidar e começou a falar um monte de coisas sem sentido. Vendo minha cara de desinteressada ele perguntou se eu já tinha terminado a faculdade na UERN. Como não me recordava dele, perguntei de onde o conhecia e ele respondeu:



- Você não me conhece. Eu conheço você.



Foi meio estranho, mas como conheço muita gente, pensei que pudesse ser algum amigo em comum ou coisa assim. E também, a insistência dele em falar coisas sem sentido não me deixava nem raciocinar direito. Eu só olhava pra minha amiga, que também estava agoniada, e ríamos daquela situação sem nexo. Foi quando ele se virou pra mim e disse:



- E você está rindo do que? Eu sei onde você mora!



Até o andar do meu apartamento ele sabia! Nessa hora meu único desejo era de correr, mas minhas pernas estavam trêmulas demais para isso. Pior foi ele tentando explicar uma coisa que não conseguíamos entender, aí ele se irritou e começou a bater na mesa. Mas no final, ele se foi sem maiores problemas. Não sei nem como cheguei em casa àquela noite. Só sei que não aguentei dormir sozinha e fui para a casa de um amigo.



O bom de todas essas histórias é que você se acostuma, um dia desses um amigo revelou que achava que era um psicopata e que estava preocupado com isso. Eu apenas ri e disse pra ele ficar tranquilo, afinal, eu já era acostumada com esse tipo de pessoa.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Madrugadas insones


Nas madrugadas insones
Desenho meus sonhos
Entre as estrelas que avisto pelo vidro da janela

Meu rosto iluminado pelos astros ou pela chama acesa de um cigarro
Um trago
Cinzas e o nada

E a cada sonho, a cada trago,
Me afasto da realidade,
Me aproximo mais de mim