segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ainda Saudade


Saudade,
Ainda a saudade!
A falta que me invade,
A parte de ti
Que já não faz parte.
Uma parte de mim
Que se reparte.
Tudo agora é só saudade. 

domingo, 29 de maio de 2011

Culpa


Arrumando o armário de lembranças e memórias de minha vida
Encontrei no fundo de uma gaveta, esquecida, uma enorme culpa.
Ficou ali a me fitar com aqueles olhos assustadores,
Era uma culpa única e peculiar
E eu também fiquei ali parada a me interrogar.
Junto com a culpa havia ainda algumas lágrimas, um pouco de remorso, uma grande decepção e uma poça de mágoas e tristeza.
Procurei os motivos de tamanha culpa,
Questionei-me se aquilo tudo era realmente meu.
Seria aquilo algum pedaço de mim propositalmente esquecido?
Teria eu me esquivado da culpa e fingi tê-la perdido?
Olhei de lado e vi a gaveta onde depositei todas as minhas culpas,
Até mesmo as mais estúpidas, até mesmo as mais agudas
Nenhuma era similar àquela,
Parecia ser parte de outro ser
Então porque estava ali, no armário de lembranças das coisas que senti?
Refleti alguns instantes e passei a mão em velhos folhetos deixados pelo tempo
Reli as páginas do diário escrito pela vida
E só então encontrei saída
Lá estava ela, aquela culpa
A culpa que guardei pelos erros que não cometi
A culpa que carreguei pelos erros alheios que assumi.
Olhei fixamente para ela e foi então que decidi
Não sei por que a guardei, ou porque mesmo a senti.
Mas agora já não fazia sentido
Voltei a arrumar as gavetas livrando-me dos entulhos
Pensei ainda em guardar a culpa, pro caso de alguém procurar
Pensei quem seria o dono daquela culpa mesquinha
Mas o lixo foi o destino
Não vou ocupar o espaço de minha vida
Com uma coisa que eu sei que não é minha.

Visita inesperada


Mais uma vez, ela me procurou,
Ontem à noite, deitou em minha cama.
E como quem não quer nada foi aos poucos me tomando.
Absorveu minha raiva, enxugou minhas lágrimas
E me fez outra vez mulher.
Suas mãos percorreram meu corpo,
Pôs em minha boca o seu gosto,
O hálito ardente em meus ouvidos,
E minha boca sussurrando seus gemidos
Sua língua quente em meu sexo molhado,
A pele nua,
O suor provocado pelo contato
Os cabelos misturados,
As mãos e os desejos saciados
E assim ela se foi.
Fiquei ali, em silêncio refletindo.
Não foi bom, não foi ruim,
Talvez apenas um efeito da distância...

sábado, 28 de maio de 2011

Quando o sono não me procurar


E quando de noite, o sono não me procurar,
O que haverei de fazer?
Sobre o que irei escrever,
De que irei me queixar?

É por isso que às vezes cultivo algumas feridas.
Estáveis o suficiente para manter-me ainda viva
Abertas o suficiente para me fazerem sangrar

E assim, com o peito em farrapos,
Deixo dos olhos mais uma lágrima escapar    
Deixo da boca um pedido vazar:
Um grito que pronuncio em silêncio,
Uma voz que só exponho à solidão.

E de noite em meu quarto, escondido,
Deixo enfim ecoar meu grito,
E falo sozinha das dores e dos gemidos
Que só ecoam dentro de mim,
Que só se escutam em minha própria dimensão. 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Feitiço



No lápis que pinta teu olho,
No pó que cobre teu rosto,
Há uma mágica que te converte em anjo;
Há um feitiço que esconde o teu monstro. 


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Máscara


A máscara que esconde minha face,
Que embuça minha dor e meu cansaço,
Já não é para mim apenas um disfarce.

Na imensidão das ideologias fatigadas
Cada ato é uma jogada.
E minha máscara fica ainda mais emoldurada
Na dimensão ideológica do meu ser.

O meu eu se perdeu de mim
E mergulhou no vendaval das ilusões.
Minha máscara bem posta
Acalma-me aos outros, bem me mostra,
A mim mesmo oculta
Toda essa tristeza e loucura
Que habitam o meu interior
E que vivem a duelar dentro de mim.



segunda-feira, 23 de maio de 2011

O peso da Idade


A passos lentos, Assim é a vida por aqui. Um dia você acorda e percebe que o tempo passou, que as coisas mudaram e que você já não é mais o mesmo de sempre, que já não tem o mesmo vigor. Onde estão nossos amigos? O que fizeram com os costumes do nosso tempo? Os anos começam a pesar, a idade, às vezes pode nos tornar incapazes de muitas coisas. Mas o peso maior não é o da idade e sim o de sentir-se sobrando na vida de todos que amamos, é ver seus filhos sem saber o que fazer com você. É ver sua vida tomar rumos completamente inesperados.

Porque estou aqui? Porque todos estamos aqui? Será que todos se cansaram de nós? Onde estão nossas famílias, nossos filhos? Porque não posso sair daqui? Porque não posso voltar para casa? Eu tenho casa?

A minha situação e a de tantos outros aqui podem ser muito parecidas para quem olha de fora. Mas aqui dentro não há um universo à parte. Somos pessoas como qualquer outra, nos distraímos, conversamos, fazemos coisas comuns do dia a dia. Passamos por coisas boas, coisas alegres, temos tristezas também. O que muita gente esquece é que também estamos vivos. E se viver para uns pode ser um fardo, para outros é uma benção. Para muitos a vontade de viver ainda é mesma.

Algumas pessoas nos olham como se fossemos diferentes, mas não somos. Temos cada um, uma história, um motivo para estar aqui. Nos reunimos em grupos para conversar, temos amizades e desafetos. Temos aqui uma relação de convívio, de amizade, uma relação familiar. E o peso da idade embora pareça um fardo, às vezes é tudo que temos, pois, quando estamos cansados e sem força, nos alimentamos das lembranças das coisas boas que vivemos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Minha Verdade


Mergulhei no mais profundo de minha escuridão
Disposta a enfim me decifrar
Havia sonhos desfeitos pelos imensos vãos de mim
Havia uma dor imensa
Que eu mesma ajudei a criar

Olhei atenta àqueles vãos escuros
Que mais pareciam uma casa vazia
Esperando por alguém para habitá-la

E foi então que descobri minha verdade
Aquela casa era meu corpo
Esperando a minha alma regressar.

O Que Sou


Estou em mim
E isto basta!
Me anima agora a tarefa
De descobrir o que sou:

Um ser humano que sonha acordado
Ou um sonhador que nunca acordou...

A Poesia está viva


Acordo triste,
sem graça,
e sem ânimo.
Abro um livro,
Leio um Poema,
Ouço uma música,
Escrevo qualquer coisa,
E logo a tristeza se converte em poesia.

domingo, 15 de maio de 2011

Um brinde à realidade


Eu sei que, mesmo em silêncio
E sem pronunciar meu nome
Você me chama às vezes em segredo...

E é no vazio que irás me encontrar...
Pois vazio foi o que você deixou
E vazio então eu me tornei...
E vazio apenas é o que restou.

Um brinde a todos os corações partidos!
A todos os sonhos desfeitos!
Um brinde também aos olhos que se abrem e enxergam a realidade pela primeira vez.