terça-feira, 3 de junho de 2014

Bárbara



Os longos cabelos
E os olhos cansados
Adornam o rosto
Pelo tempo castigado.

Já não lhe restam vaidades,
Já nem se olha no espelho.
A realidade é seu pior pesadelo.

Bárbara já não sentia
Qualquer gozo ou alegria,
Para o lar ela vivia, e quando o marido saía,
Costumava se perder
Em um mundo de fantasia,
Onde ela era a rainha
E não conhecia o sofrer.

Mas quando ele voltava
Seu sonho desmoronava:
Tinha coisas a fazer.
E quando ele demorava
Ela se angustiava:
- Se aquele maldito me deixa,
Como é que eu vou viver?

Apesar da vida de casada
À qual estava acostumada,
Sentia-se sempre sozinha.
Antes do almoço
Chorava escondida na cozinha
Lembrando-se do amor
Que um dia achou que tinha.

Lamentava a sua sorte,
Mas já não se importava mais.
Abraçou a desgraça, fingia que era forte.
Corpo e alma refletiam sua dor.
Seus 20 anos foram massacrados
E seu corpo era o resultado
Das ações de uma vida despedaçada e
das mãos de um tempo usurpador.