segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Alma perdida



Embucei meu rosto sob um véu de alegria
E um sorriso pus no rosto
Pra esconder minha agonia
Minha falta de talento
Minha não inspiração
Que converteram o meu ego
E naufragaram minha poesia
Neste amontoado de palavras sem sentido
 Rabiscadas na minha alma
Que sangra por aí perdida numa folha de papel.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tinha um corno no meio do caminho


Deixo logo claro antes de começar a escrever que vou utilizar o termo ‘corno’ em todo esse texto, e quem se sentir ofendido, perdoe-me, mas é corno também. Porque corno é uma coisa única nesse mundo. Existe o traído, o rejeito, o enganado e existe o corno.
De todos esses tipos, o corno se destaca aonde quer que vá. Porque corno não se contenta em levar chifre calado e fingir que nada está acontecendo, ele tem que mostrar pro mundo o quão infeliz e injustiçado pela vida ele foi.
É comum do corno se calar e aceitar os maiores absurdos de seu parceiro (a) por covardia, por mesmo sabendo que está sendo traído não ter coragem de dar um basta e terminar o relacionamento.
Porém, mesmo aceitando esse tipo de situação grotesca, o corno precisa mostrar pra alguém que está insatisfeito, numa tentativa frustrada de mostrar pro parceiro (a) o quão infeliz ele está, pra ver se a pessoa se sente culpada, responsável, ou coisa assim. Quanto mais fracassada for essa tentativa, mais o corno a repete.
Enquanto as lamúrias do corno só interferem na vida dele mesmo, este se mostra como ser inofensivo para a sociedade não envolvida em seu caso (Já que a pessoa que está no papel de traidor ou de amante nunca está livre de tomar umas bordoadas, uns sopapos, uns puxões de cabelo, umas facadas... Por mais manso que seja o corno).
Entretanto a maioria dos cornos convictos é calada em casa e por não conseguir se vingar do parceiro (a) resolve descontar sua raiva no primeiro cidadão comum que aparecer. É aí que o corno se torna um chato, altamente insuportável.

Munido de toda dor de cotovelo que no mundo houver, o corno sai de casa a procura de suas vítimas. Estas podem ser seus amigos mais íntimos, o dono do bar da esquina, o garçom da lanchonete, ou mesmo qualquer um de nós, pobres seres indefesos.

O ataque do corno é sempre certeiro. Ele escolhe a vítima, e pode passar horas alugando-a para falar de suas frustrações. No bar, o corno é o primeiro a chegar e o último a sair (quase sempre carregado por alguém após criar confusão com alguém por causa das piadinhas que costuma escutar).

Contudo, o pior tipo, o mais ofensivo à sociedade, é o corno exibido. Ele não faz sexo com quem ama há um bom tempo, sua aparência também não é das melhores e seu bom senso (se é que um dia o teve) já deixou de existir.

É possível identificar um desses tipos num dia daqueles em que você está em casa morrendo de dor de cabeça, mas tem aquele trabalho pra terminar e que não pode ficar pra amanhã de forma alguma. A concentração numa hora dessas é um desafio, mas você resiste. Quando finalmente consegue entrar no clima da missão, de repente você se assusta com um som que vem da rua. É ele, o corno!

Depois de ser traído, humilhado, rejeitado pelos amigos, expulso de todos os bares, o corno pega seu melhor amigo corno e saem juntos pra infernizar a vida de quem é feliz.
Caso o corno possua um carro, ele certamente irá estacioná-lo na porta da casa de alguém (pode ser na sua), ligar o som no volume máximo, numa música que só um corno aguenta escutar (e que só um corno foi capaz de compor).
Já fui vítima de vários ataques desse tipo. Estava eu certa vez, quieta em meu lugar, tentando me concentrar em algo importante no qual vinha trabalhando há meses, quando do nada escuto um barulho que parecia que ia derrubar as portas da casa. Era o som de um carro no volume máximo ligado numa música do Grupo Raça Negra e, acompanhando da música, um gemido sofrido de dois seres que cantavam a letra a plenos pulmões.
Como não conheço direito o grupo, não sei dizer o nome da música, mas era uma tristeza tão grande dessas duas criaturas! Eles reclamavam Um para o outro sobre como estavam infelizes, debatiam os trechos da música, coisas do tipo “Você jogou fora o amor que eu te dei o sonho que sonhei, isso não se faz.”.
Tentei ignorar o barulho, mas era inútil, e foi se intensificando de uma forma que se tornou impossível fazer o que quer que fosse a não ser escrever esse texto como forma de protesto contra todos os cornos sem noção. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Impessoal

 
Olhei-me no espelho
 e vi
 pela primeira vez
 um rosto familiar
O meu rosto
 incerto e impessoal
De tantas outras vezes
De tantas outras formas
De tantos outros poemas...