sábado, 18 de dezembro de 2010

Poesia & Boemia


Inspirações alcoólicas
O sentimento que alimenta a alma de um poeta é como a bebida que inebria a mente de um boêmio

É mais forte do que ele
É mais forte do que todos

Qualquer um que prove um bom drink há de querer mais
E da repetição vem a embriaguez
Ainda mais para os que não estão acostumados
Com o poeta também é assim,
Quanto mais ele prova da paixão, mais ele a deseja
Alcoólatra passional
Se embriaga com o perfume, com o corpo, o gosto, o beijo...

O vício do boêmio é a vaidade
O vício do poeta é o desejo
 A vida do boêmio é uma eterna poesia
A vida do poeta é paixão e Boemia.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Por inteiro

Se me queres por inteiro me terás aos pedaços
Arrancados um a um pela dor que a tua ausência me causou
A pele, o corpo, os sentidos, meus abraços,
Arrumei-os numa caixa e lacrei a embalagem.
Meu sorriso, minhas palavras, meus olhos amedrontados,
Arranquei-os um por um com imenso sacrifício,
Principalmente as palavras, essas teimosas, insistiam em entalar na garganta;
Cortei então a sangria,
Entre o vermelho e as lágrimas, as palavras me escaparam: raiva, tristeza, desgosto e mágoa,
Essas foram mais previsíveis ;
Solidão, vazio, angústia e ansiedade vieram como consequências ;
“Eu te amo”, foi a surpresa!
Saiu de minha garganta, misturou-se com meu sangue, estava ai dentro de mim, e eu nem sequer percebi.
Se me queres mesmo por inteiro guarde também as palavras
Separei-as pelas cores, em diversas tonalidades, das mais claras às mais sombrias,
Fique também com as ofensas, são pedaços também de mim,
Se não as quiser, não as use, mas não as dê fim.
Surrealmente falando, imerso ao sangue que se esvaia da garganta, arrumei uma garrafa e depositei toda a minha respiração,
Antes que o ar se esvaísse e para ti nada restasse.
Não, é verdade, tu nada me cobraste!
Mas aceite a oferenda
Separei um pacote exótico,
Com fígado, pulmão, a medula e os rins,
O sangue tentei guardar,
Mas foi impossível reter ,
Fugia com meu transpirar
Junto com as lágrimas a descer.
Arrumei em outro deposito aquilo que não hei de usar:
Os pés que não mais caminharão para ti,
Os braços que não irão mais te abraçar,
Junto com o sexo e todo o resto.
Sobrou-me apenas o coração
Sangrando, pulsando, implorando-te
Este eu quis enterrar,
Mas inteiro é inteiro
E nada pode faltar.
Te dou também essa parte,
Me doei sim por inteiro
Esse sou eu de verdade,
Em sentimento, ternura e desespero,
Em carne, osso e excesso,
Em alma, amor e exagero. 

sábado, 11 de dezembro de 2010

O pai do Noel


Fim de ano, clima natalino; esse é um período que todo mundo adora. Afinal, pelo menos nessa época as pessoas tornam-se mais amáveis e sentem-se mais à vontade para demonstrar seus sentimentos. Sim, essa é uma época de confraternização e fraternidade (ou pelo menos, era essa a ideia).
Se fosse realmente assim, seria perfeito. Mas o problema é que as pessoas esqueceram o verdadeiro sentido do natal e, para a maioria delas, este representa apenas uma grande troca de presentes. A coisa mais comum de se ouvir nesse período é: "o natal está chegando e você ainda não foi às compras?" Ou seja, festejar o natal é consumir.
Fico me perguntando quem seria o culpado por tudo isso, quem usurpou o espírito do natal e o transformou num monstro consumista. Porém, não preciso pensar muito para obter essa resposta, basta observar bem e prestar atenção numa certa criatura que passa o ano todo não sei por onde e resolve só dar as caras nessa época, um certo senhor de idade que ganha a vida induzindo as pessoas a acreditarem que comemorar o natal é fazer compras, que demonstrar o que sente pelo outro é dar-lhe presentes caros. Pois bem, creio que já ficou claro que a tal figura a qual me refiro é o senhor Noel.
Esse cara tá aí há um tempão e, graças ao seu costume de dar presentes para algumas criancinhas, o resto do mundo aderiu à moda e isso tornou-se uma tradição.
E o tal Noel não mede esforços para levar sua ideologia adiante. Não sei como aguenta o corre-corre nos dias que antecedem o natal. Ele está em todos os lugares; leva isso tão a sério que abandona sua casinha lá no polo norte e passa-se a habitar os vários shoppings centers espalhados por todo o mundo. Foi-se o tempo em que ele vagava de casa em casa, descendo em chaminés! Credo! Que desconforto! O shopping parece um lugar bem mais agradável! Lá ele evita o desconforto, se distrai e ainda vê seus seguidores apaixonados correndo de um lado pro outro com dezenas de sacolas! Que momento mágico!
Com tudo, há uma coisa que não entra na minha cabeça: não concordo com o termo "bom velhinho"! O senhor Noel que me desculpe, mas esse negócio dele escolher dar presentes para umas crianças sim e outras não, de promover a exclusão, de mudar o sentido do natal, de ter se tornado mais lembrado que o próprio homenageado pela data (é Jesus, a competição tá grande!) e ainda querer posar de herói me deixa muito irritada.
Mas não posso culpar o coitado do Noel, afinal, ele está apenas cumprindo ordens. Sim! Ele está a serviço de seu pai e este é muito severo, portanto o pobre Noel tem mais é que obedecer.
É gente, o papai Noel também tem pai! Ele é filho do capitalismo!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Balada do Morto vivo


Os fantasmas de nossas vidas nunca são fantasmas do passado
Se ainda vemos seus rostos à noite antes de dormir
Se ainda os encontramos em pensamentos
Se eles ainda nos assombram
Não são fantasmas do passado
Eles estão mais presentes do que aqueles que nos rodeiam noite e dia
E que zelam pelo nosso sono
Enquanto sonhamos com fantasmas

Nem toda morte é o fim
Nem todo fim é a morte
Nem todo morto partiu
Nem todo vivo consegue ser forte

Quando os mortos demonstram mais força
Quando os mortos não estão mortos
Os mortos não estão mortos
São apenas corpos adormecidos
Que encontraram formas de fazer o tempo passar mais rápido
Até que possam ser ressuscitados.