quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Irrelevante


Não importa o quanto eu queira,
Não importam as noites em claro
Ou essas lembranças que me perseguem.
Não importa!
Pois não posso fazer você sentir o mesmo que estou sentindo agora.
E não há culpados nessa história.
Eu não pude evitar todos esses sentimentos,
Eu não pude conter todas as coisas boas que você despertou em mim,
Como também não soube controlar o medo que todas as emoções me despertaram,
Mas não importa,
Não há nada que eu possa fazer.
Parece apenas uma piada de mau gosto.
Mas não vou mais me culpar pelo que sinto,
Nem te cobrar pelo que você não sente.
Apenas não deu certo,
Como tantas outras coisas na vida,
Só mais um desencontro.
Então não importa o quanto eu me importo,
Não importa o quanto eu pensei em você nesses últimos dias,
Não importa o quanto isso me afetou.
Eu não posso fazer você sentir o mesmo.
E por mais que eu insista, implore, me culpe ou chore,
Continua não importando.
Apenas desisti de tentar achar um motivo,
Uma razão para o que estou passando,
Uma explicação para tudo que aconteceu.
Já não importa!
É passado, se perdeu.
Apenas não era pra ser.
Então não importa que eu te diga agora que aconteceu sem eu querer,
Não importa se eu confessar que me apaixonei por você,
Porque vou continuar sem poder fazer nada a respeito.
Eu não posso fazer você sentir o mesmo.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Casual



Desde aquele beijo no sofá aqui da sala,
após falarmos sobre tudo que não queríamos de uma relação,
desde aquela tarde em minha cama
quando nossos corpos pareciam desmentir nosso discurso antirromântico,
já não sei mais como agir.

Após sentir o calor do seu corpo
sobre o meu corpo
ritmado pelo movimento
do seu sexo molhado
enquanto suas mãos me desbravavam
como se já soubessem como me tocar;

Após sentir a maciez dos seus seios em minhas mãos e boca,
A sua boca em minha epiderme
devorando-me como um animal faminto;
depois da boca invadida pela língua insaciável
que me oferecia com fervor,
da mistura de nossos líquidos, suspiros e gemidos,
ignorando o pudor;

depois de sentir o seu rosto colado no meu
e suas mãos rasgando-me a carne das costas
enquanto estive dentro de ti;
depois de contemplar seu rosto tímido
enquanto afagava seus cabelos
no silêncio do quarto e toda aquela intimidade física,
senti-me perdida,
imaginando como seria
a minha vida dali por diante.

E desde então que ando aflita,
pois já não sou mais como antes.

Você deixou marcas no meu corpo
e agora a minha pele carrega suas digitais...
Você deixou saudade em minha cama
e agora acordo, no meio da noite, implorando por mais.

E eu não sei como diabos
eu posso simplesmente sair por aí,
pelas ruas, pelos bares
sem expor esse desejo incontido.
Como raios neste inferno
eu posso agir naturalmente
e te cumprimentar
no meio de toda a gente
como se nada tivesse acontecido?

domingo, 1 de abril de 2018

Escolhas


Você nunca saberá o quanto eu poderia ter gostado de você,
Nunca sentirá como poderiam ter sido intensos os nossos beijos,
Nunca sentirá o calor do meu corpo, nem provará do meu gozo,
Não sentirá meu afeto após o prazer,
Nem saberá das coisas todas que guardei pra te dizer.

E eu não irei mais segurar suas mãos enquanto a gente fala sobre trivialidades.
Não vou mais mexer no seu cabelo enquanto olho nos seus olhos,
Nem segurar seu rosto com ternura enquanto beijo sua boca.

Você me despertou emoções que eu achei que já nem fosse capaz de sentir,
Mas não teve maturidade para descobrir no que isso poderia dar.
E eu já me cansei de esperar você crescer.

Você é só orgulho. Tenho o meu também.

Você poderia ter sido especial,
Mas preferiu não ser ninguém. 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Reencontro

Como tantas outras vezes, Vi você chegar, abrir a porta e caminhar em direção a mim com seus olhos cativantes, seu jeito meigo de ocupar os espaços...

E como tantas outras vezes, falou comigo, alisou nosso gato, me olhou nos olhos.

Mas tudo estava diferente: a porta já não era a da nossa casa, seus passos já não seguiam a mesma direção que os meus, seus olhos já não me procuravam, sua boca já não queria meus beijos, seus braços já não me guardavam nenhum abraço, suas mãos já não me reservavam nenhum carinho... E quando você me olhou nos olhos, não foi com amor, foi com pena. Isso sempre me machuca.

A nossa conversa já não tem alegria, nossos encontros têm um ar fúnebre, e me sinto mesmo morrer ao sentir que minha presença já não faz diferença pra você.

Em meio a tantos sentimentos, decido me calar, pois sei que não há mais nada que eu possa fazer, você já deixou claro que não precisa mais de mim, e se eu não posso ter o seu amor, poupe-me da sua piedade. O silêncio toma conta do ambiente, e somente minhas lágrimas, teimosas, falam por mim. Tento esconder o estado deplorável em que me encontro para que você não se sinta culpada, o gato se distrai com alguma coisa e vai até a janela, nós olhamos pra ele, nos olhamos, você se despede.

Como tantas outras vezes, vejo você sair e fechar a porta, só que dessa vez pra não voltar nunca mais.

Vida nova

Acordar e levantar do sofá (porque a cama está cheia de coisas que ainda não arrumei após a mudança) tentando desviar das garrafas de cerveja, cartelas de comprimidos, pontas de cigarro e desilusões espalhadas por todos os cantos desse apartamento triste. Parece o cenário de uma ressaca pós noite de farra, mas é só mais um dia comum em minha vida, é só o retrato do que me tornei sem você, o retrato do que a sua ausência me tornou. E como todos os dias, faço aquele esforço hercúleo para tomar banho, vestir-me e sair às ruas para enfrentar mais um dia de batalha contra o mundo, onde tento aparentar estar bem, seguindo minha vida e superando a dor de não ter mais um lar, uma família, uma casa iluminada pela sua presença. A ninguém devo confessar o que sinto, as pessoas não gostam de tristeza. Assim, passo meus dias entre cigarros, cafés e choros escondidos nos banheiros dos lugares que frequento. À noite, quando sozinha naquele apartamento pequeno e desorganizado que jamais me pareceu digno de ser chamado de lar, nesse momento calmo e silencioso que eu costumava admirar, posso enfim externar toda dor que há em mim, longe dos olhos e dos julgamentos de pessoas que se dizem preocupadas com meu bem-estar, mas que só abrem a boca para me criticar e cagar regras sobre como devo viver. E assim, noite após noite, eu vou tentando matar você dentro de mim, afogando sua lembrança entre o álcool e as lágrimas, me odiando por ainda te amar tanto mesmo depois de todo o mal que me causou.

Minha missão agora não é mais esquecer, superar ou algo do tipo. Minha missão é aceitar que minha vida será essa e aprender a conviver com isso enquanto não crio coragem de por um fim nisso tudo.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Diário de sobrevivência


Primeiro pensei que ia morrer, depois quis sair no meio da rua, no pingo da méi dia e te implorar que voltasse, mesmo eu sabendo que a culpa pelo nosso fim era mais sua que minha. Quis implorar para que você ficasse mesmo eu tendo te mandado embora. Pois mesmo eu tendo te mandado ir, essa escolha não foi minha. Estava em suas mãos e você jogou fora, como se não fosse nada. Você me jogou fora como se eu não fosse nada. Vai ver, pra você, eu não era nada mesmo.

Passado um tempo, veio a mágoa e eu quis odiar você, mas só conseguia odiar a mim mesma por ainda te amar tanto, mesmo com tudo que você me fez, mesmo você me mostrando a cada dia o quanto eu fui descartável em sua vida.

Aí veio aquela fase de ligar o “foda-se” e fingir que eu não me importava mais. Arrumei distrações passageiras e parei de pensar tanto nas feridas que você me abriu e que deixou aqui infeccionadas, sangrando. Mas as distrações passaram e as feridas começaram a doer de forma ainda mais intensa, consumindo meu organismo, espalhando-se pelos órgãos, apodrecendo cada milímetro do meu ser.

Após a negação tive que lidar com a realidade em busca de aceitação. Mas como aceitar que aquele alguém que jurava me amar, que costumava ser a minha vida, que prometeu não me deixar, que imaginava envelhecer junto comigo, como aceitar que esse mesmo alguém simplesmente me trocou pela primeira ilusão que viu diante de si e foi embora sem se importar com as sequelas que isso me traria?

Ainda lembro da serenidade em seu olhar enquanto a gente discutia sobre o nosso fim, ainda lembro de como você parecia estar de boa com aquela situação, ainda lembro de mim aos prantos em nossa cama, agarrada aos nossos lençóis, enquanto você arrumava tranquilamente as suas coisas na mala. Ainda lembro da sua expressão sem lágrimas ao cruzar a porta e sair da minha vida. Às vezes, quando penso nisso tudo, ainda dói, mas aprendi a separar as coisas. A cada dia percebo a diferença entre a pessoa que eu amei e a pessoa que você é.

Houve outras fases, quis brigar, quis xingar, quis contar pra todo mundo o quanto você foi cruel e egoísta, novamente quis morrer...

O fato é que desde que você se foi cada dia tem sido uma batalha em busca de sobrevivência, um esforço sobre-humano tentando descobrir o que eu fiz de tão errado, uma briga interna tentando não enlouquecer e não ceder a desejos autodestrutivos. Mas aí eu lembro o quanto eu fui descartável pra você, lembro das coisas que ando ouvindo a seu respeito, do modo como você tem agido... e tento me acalmar e ouvir a voz da razão.

Sinto como se eu tivesse sido apenas uma aventura, um momento de rebeldia em sua vida, uma brincadeira que você enjoou de brincar, e penso como alguém pode ser tão fria, tão cruel, tão dissimulada!

As feridas que você me abriu continuam a me atormentar, a doer, dia após dia, me lembrando o quanto foi fácil pra você seguir em frente e me deixar aqui com as sobras da vida que costumávamos ter. Tenho passado por muita coisa, tenho vivido muitas fases, mas não houve um só dia em que eu não pensasse em você e isso costumava me desesperar. Agora não mais. Acostumei-me com essa sua presença latente e aceitei que vou me lembrar de você todos os dias...

até que um dia eu não lembre mais.

Fênix


O meu maior medo é morrer de amor,
mas tudo bem,
eu já morri tantas outras vezes!