terça-feira, 8 de outubro de 2013

Poesia ultrajante

Ria de mim, mulher traiçoeira! Ria de mim e do desespero que me abate Cada vez que um amigo me dá conta De mais um de seus amantes. Ria de mim, mulher covarde! Ria de mim e do papel ao qual me presto Cada vez que a raiva e o ciúme me invadem E te faço, como agora, poemas ultrajantes. Ria de mim, mulher ingrata! Que prostitui seus beijos nas calçadas, Os beijos que jurava serem meus, Nos tempos em que fingia que me amava. Ria de mim, mulher impiedosa! Ria de mim e de minha sina desastrosa. Mas a mágoa que sinto agora, Irei levar para a cova. Ria de mim, mulher esnobe! Ria de mim e de meus versos pobres, Da minha falta de estilo, Das minhas rimas forçadas. Ria de mim, mulher dissimulada! Do meu discurso enfadonho, Da minha dor envaidecida, Dessa retórica fracassada. Ria de mim, mulher desalmada! Mulher falsa e orgulhosa, Ria de mim, realizada, Pela dor e o desespero que me causa. Ria de mim em outros braços. Ria de mim e de meus versos mal criados, mal escritos, inacabados. Versos insanos e entristecidos que a ti agora dedico, Como outrora dediquei minha alegria. Ria de mim, mulher perdida! Que perdeu-se do amor, e me perdeu, Que jurou me amar por toda a vida E na primeira esquina me esqueceu. Ria de mim, mulher fingida, E de tudo que te jurei pra toda a vida, Deixo apenas este poema mal escrito, Somente este poema, todo seu.

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