sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Reencontro

Como tantas outras vezes, Vi você chegar, abrir a porta e caminhar em direção a mim com seus olhos cativantes, seu jeito meigo de ocupar os espaços...

E como tantas outras vezes, falou comigo, alisou nosso gato, me olhou nos olhos.

Mas tudo estava diferente: a porta já não era a da nossa casa, seus passos já não seguiam a mesma direção que os meus, seus olhos já não me procuravam, sua boca já não queria meus beijos, seus braços já não me guardavam nenhum abraço, suas mãos já não me reservavam nenhum carinho... E quando você me olhou nos olhos, não foi com amor, foi com pena. Isso sempre me machuca.

A nossa conversa já não tem alegria, nossos encontros têm um ar fúnebre, e me sinto mesmo morrer ao sentir que minha presença já não faz diferença pra você.

Em meio a tantos sentimentos, decido me calar, pois sei que não há mais nada que eu possa fazer, você já deixou claro que não precisa mais de mim, e se eu não posso ter o seu amor, poupe-me da sua piedade. O silêncio toma conta do ambiente, e somente minhas lágrimas, teimosas, falam por mim. Tento esconder o estado deplorável em que me encontro para que você não se sinta culpada, o gato se distrai com alguma coisa e vai até a janela, nós olhamos pra ele, nos olhamos, você se despede.

Como tantas outras vezes, vejo você sair e fechar a porta, só que dessa vez pra não voltar nunca mais.

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