sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Missa de sétimo dia



Amanhã faz uma semana
Daquele dia tão sombrio
Quando Maria chegou para mim
E me deu aquela notícia.
A dor que senti não descrevo,
Mas ainda a sinto a corroer-me o peito.

Era uma tarde como outra qualquer,
O que eu fazia já nem lembro,
E faz tão pouco tempo.

Há uma semana tudo mudou,
O fim chegou,
A morte nos surpreendeu,
O amor, Maria e eu.

Era uma tarde sem vida,
Quando Maria, sofrida,
Decidiu me deixar.

Encontrou-me na varanda,
Deitado na rede,
Olhando o mar.

Maria olhou-me sem pena,
Já não tinha mais doçura,
E me falou sem ternura,
Que não podia ficar.

Olhei-a desesperado e descrente,
Mas Maria já displicente,
Dizia não mais me amar.

- O amor está morto, João.
   Você tem que aceitar.
   Não resistiu aos açoites.

Não consegui dormir naquela noite.
Nem nas noites que seguiram.
Maria partiu, o amor morreu
E eu já não sabia o que seria de mim.

O amor morreu, foi derrotado.
Sem muito zelo foi sepultado.
Maria me ajudou a enterrá-lo.

Amanhã faz sete dias
E eu fui falar com o vigário,
Mesmo sem fé, mandei rezar uma missa.
Quem sabe Maria retorne,
E esse pobre amor falecido,
Possa ao menos ser recordado.



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