domingo, 29 de maio de 2011

Culpa


Arrumando o armário de lembranças e memórias de minha vida
Encontrei no fundo de uma gaveta, esquecida, uma enorme culpa.
Ficou ali a me fitar com aqueles olhos assustadores,
Era uma culpa única e peculiar
E eu também fiquei ali parada a me interrogar.
Junto com a culpa havia ainda algumas lágrimas, um pouco de remorso, uma grande decepção e uma poça de mágoas e tristeza.
Procurei os motivos de tamanha culpa,
Questionei-me se aquilo tudo era realmente meu.
Seria aquilo algum pedaço de mim propositalmente esquecido?
Teria eu me esquivado da culpa e fingi tê-la perdido?
Olhei de lado e vi a gaveta onde depositei todas as minhas culpas,
Até mesmo as mais estúpidas, até mesmo as mais agudas
Nenhuma era similar àquela,
Parecia ser parte de outro ser
Então porque estava ali, no armário de lembranças das coisas que senti?
Refleti alguns instantes e passei a mão em velhos folhetos deixados pelo tempo
Reli as páginas do diário escrito pela vida
E só então encontrei saída
Lá estava ela, aquela culpa
A culpa que guardei pelos erros que não cometi
A culpa que carreguei pelos erros alheios que assumi.
Olhei fixamente para ela e foi então que decidi
Não sei por que a guardei, ou porque mesmo a senti.
Mas agora já não fazia sentido
Voltei a arrumar as gavetas livrando-me dos entulhos
Pensei ainda em guardar a culpa, pro caso de alguém procurar
Pensei quem seria o dono daquela culpa mesquinha
Mas o lixo foi o destino
Não vou ocupar o espaço de minha vida
Com uma coisa que eu sei que não é minha.

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