quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Passe em casa

Na noite passada
você me ligou,
achei estranho não mandar mensagem.
Disse que estava num bar aqui perto,
só de passagem,
e que, pra não passar vontade,
talvez passasse aqui.
Nem lembro que hora era,
mas respondi: "pode vir!".

Ao chegar não disse nada,
apenas beijou-me
com sua boca esfomeada,
elevando em mim o apetite.
De repente, a casa inteira
encheu-se com a sua presença,
com a fumaça do seu cigarro
impregnada nas cortinas
e seus gemidos ecoando pelos vãos silenciosos.
Naquele instante, o mundo podia ser nosso.

Mas dois cigarros depois,
com a fome já saciada,
beijou-me com carinho,
se dizendo cansada
e simplesmente se foi.

Eu, que sou gulosa,
demorei a dormir.
Ainda queria mais
(Eu sempre quero mais).
Mas a vida não nos deu asas
para nos trancarmos em gaiolas.
Se tem asas, é natural que você voe.
Se tenho asas, tenho mais é que voar.

Aceito a despedida
sob a chama de um careta,
Acalmo meu corpo
pra que a alma não enlouqueça.

E assim, espero o sono chegar,
pois amanhã é outro dia,
um novo dia pra voar.
Vamos nos ver novamente
e novos voos alçar.
Mas se a vontade apetar,
Você sabe onde passar.


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