sábado, 18 de novembro de 2017

Transformação




















Chegar em casa e encarar o vazio
dia após dia, em silêncio,
sem coragem de encarar-me no espelho,
sem conseguir entender meus sentimentos,
sem ninguém para aquecer-me do frio,
sem conseguir traduzir o que penso,
cansada desses olhos vermelhos,
sucumbindo em meus próprios lamentos.

Experimento agora novas emoções
e começo a afastar sua figura,
evitando o eufemismo das doces ilusões
tentando não morrer nessa tortura
de não saber mais quem eu sou,
de não querer ser mais ninguém,
de alimentar desejos tolos,
de esperar por quem não vem.

Então, na manhã de uma sexta-feira sombria
encarei a casa vazia,
sequei minhas lágrimas,
olhei-me no espelho
e decidi gostar também de mim.

Já não me assombra a promessa das coisas que dizia.
Você tornou-se tão fria!

Por isso, meu bem, hoje acordei diferente,
ignorando essa dor do nosso passado-presente .

O que não convém a gente deixa pra trás,
pois não se pode contar com quem não quer mais.

Desatei minha venda,
a esperança está morta.
Tudo mudou, você me esqueceu.
Só não se arrependa,
já não me importa.
Tudo mudou, inclusive eu.

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